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Tambores e cantos marcam abertura do Festival Artes Vertentes

  • Foto do escritor: Karine Pagliarini
    Karine Pagliarini
  • 13 de set.
  • 3 min de leitura
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Tambores e cantos marcaram a abertura da 14ª edição do Festival Artes Vertentes. O cortejo, conduzido pelo Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia, preencheu as ruas de Tiradentes convidando quem por ali estivesse para conhecer a programação que ocupará os centros culturais da cidade nos próximos dias. Serão 54 atividades entre exposições, exibições de cinema, apresentações de teatro, de música e de literatura.


A edição deste ano tem como tema Entre as margens do Atlântico, propondo um diálogo entre três continentes intimamente ligados pela história: América, África e Europa. A programação de 2025 também faz parte da Temporada da França no Brasil, que ocorre até o final do ano em 15 cidades brasileiras e tem como objetivo aproximar os dois países por meio da cultura.


Responsável por conduzir a abertura do Festival, na noite de quinta-feira (11), Claudinei Matias do Nascimento, o Mestre Prego, ressaltou que a congada representa a força do povo negro e, mais do que isso, lembra as 22 mil pessoas escravizadas que foram obrigadas a trabalhar na região. “Fico muito feliz de ser convidado para o Festival, para fazer a abertura por meio do toque do tambor, que representa a nossa força e a nossa comunidade, do povo negro, que trabalhou essas terras”, disse.


Mestre Prego destacou que a congada é também uma forma de manter viva a memória daqueles que tiveram a própria história apagada e de honrar cada um deles. Ele cita o trecho de uma canção: “É uma cantiga também de alegria e uma cantiga de dor, [que diz] ‘Ai, meu povo hoje é lembrado’. Essa cantiga nosso povo usava quando estava no tronco e quando tinha um momento de alegria, que era pouco, né?”.


De acordo com o curador e diretor artístico do festival, Luiz Gustavo Carvalho, o Festival Artes Vertentes é voltado para a arte contemporânea e busca o diálogo entre os mais diversos segmentos artísticos, reunido cinema, artes visuais, artes cênicas, entre outros. A locação do evento também é um diferencial, Tiradentes. Segundo ele, o papel é “tecer um diálogo entre o patrimônio imaterial e arquitetônico da cidade e, sobretudo, uma reflexão sobre as narrativas de extrema importância, urgentes, que precisam ser abordadas. Acho que é papel de um festival ligar essas edições também como o território ocupado por ele”, defende.


A cidade de Tiradentes foi fundada por volta de 1702, quando os paulistas descobriram ouro nas encostas da Serra de São José, dando origem a um arraial batizado com o nome de Santo Antônio do Rio das Mortes. O arraial, posteriormente, passou a ser conhecido como Arraial Velho e, em 1718 foi elevado à vila, com o nome de São José, passando em 1860, à categoria de cidade. Durante todo o século 18, a Vila de São José viveu da exploração de ouro e foi um dos importantes centros produtores de Minas Gerais. Apenas com a proclamação da República em 1889, a cidade recebe o nome atual, que homenageia Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos líderes da Inconfidência Mineira.


Além da importância histórica, a cidade é escolhida também pela posição geográfica. “Para nós, é muito importante fazer isso no interior e sair das capitais, porque a gente acha que assim intensifica esse diálogo entre as pessoas locais e os artistas vindos de fora, também reunindo essas culturas locais, regionais, nacionais e internacionais”, diz a diretora executiva do festival, Maria Vragova.


A abertura contou ainda com a apresentação das formações musicais da Ação Cultural Artes Vertentes, um dos desdobramentos do festival, que desde 2013, oferece, ao longo do ano, gratuitamente a crianças, adolescentes e adultos de Tiradentes cursos de música, artes visuais, cerâmica e fotografia.


Como parte da Temporada da França no Brasil, o festival contará, ao longo da programação, com atrações internacionais, como a poeta, fotógrafa e colagista Wendie Zahibo, que vive e trabalha entre Guadalupe e a França, e o poeta, dramaturgo e romancista Jean D'Amérique, diretor artístico do festival Transe Poétique, em Porto Príncipe.


“A Temporada inclui também uma dimensão de encontro com outras culturas e, em particular, com as culturas africanas, que tanto influenciaram a Europa e as Américas. Influenciaram de maneira dolorosa, não podemos esquecer a história da escravidão, influenciaram e influenciam ainda, de uma maneira maravilhosamente frutífera, a partir da música, da espiritualidade, a partir também de toda a riqueza das artes africanas”, diz a comissária-geral da Temporada França-Brasil, Anne Louyot, também presente no evento.


A programação ocorre também nas cidades vizinhas a Tiradentes, como São João del Rei e Bichinho, onde haverá mostras de cinema que discutem memória, ancestralidade e resistência.


O Festival Artes Vertentes segue até 21 de setembro e a maior parte da programação é gratuita.


Com informações e imagens: Agência Brasil

 
 

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