Conhecida como a "cidade dos primos", Serrinha dos Pintos é um município brasileiro localizado no interior do estado do Rio Grande do Norte, a uma distância de 385 quilômetros da capital estadual, Natal. Com uma área territorial de 122 quilômetros quadrados, sua população no censo de 2010 era de 4.540 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Emancipado de Martins, o topônimo "Serrinha dos Pintos" é uma referência à sua altitude mais baixa em comparação à vizinha serra de Martins, e ao colonizador das terras, Agostinho Pinto. Foi neste município onde foi descoberta a síndrome de Spoan, uma doença genética causada devido aos casamentos consanguíneos. Estima-se que 10% da população municipal possua o gene causador desta síndrome: a doença rara desvendada pela ciência na cidade onde 'todo mundo é primo' no sertão.
Foi a cientista Silvana Santos, escolhida pela BBC no fim de 2024 como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo, quem dedicou anos investigando o que acometia moradores de Serrinha dos Pintos, no Rio Grande do Norte. Ela descobriu, estudou e batizou a doença genética rara até então desconhecida no mundo: a síndrome Spoan.
Causada por uma mutação genética que pode ser rastreada até os primeiros colonizadores a explorarem o sertão do Brasil, a síndrome afeta o sistema nervoso e causa um progressivo enrijecimento e enfraquecimento das pernas e dos braços, além de afetar os olhos que passam a apresentar movimento rápido e involuntário.
Os portadores da síndrome são pessoas que herdam um gene com a mutação tanto da mãe quanto do pai. Se os pais forem parentes e compartilharem a mesma herança genética, a chance de elas terem o mesmo gene mutado aumenta consideravelmente,
Por se tratar de um município com pouco histórico de novas pessoas chegando, em Serrinha dos Pintos é comum que os moradores tenham algum grau de parentesco. E em muitos casos, mesmo sem as pessoas saberem, ocorrem casamentos entre primos.
As explicações para tantas relações endogâmicas na região, além do isolamento geográfico, passavam pela crença de que esse tipo de casamento é mais duradouro. Também a rede de apoio ao redor do casal se mostrava mais robusta, concluíram as pesquisas feitas por Silvana.
Imagem: divulgação da Prefeitura de Serrinha dos Pintos
